Grupos de Estudos

Anualmente o grupo realiza um grupo de estudos interno para leitura de textos e discussões pertinentes a contexto do momento e também como embasamento das ações de extensão que pretendemos no ano a se seguir. Aqui vão alguns resumos do que vimos até hoje. 

2021

MICRO-HISTÓRIA - HENRIQUE ESPADA LIMA

O primeiro texto foi "Micro-história" de Henrique Espada Lima e relacionamos com dois audiovisuais, um é o "Vida Maria" e o outro é o filme nacional "Na quebrada".

Sobre o texto, o  autor propõe uma discussão acerca do conceito de micro-história, além de ressaltar que a análise micro tem a capacidade de transportar um objeto de pesquisa ou evento para um contexto espacial e temporal específico, e é justamente essa característica que garante essa interconexão com outras áreas, considerando uma realidade histórica rica, complexa que se vale das subjetividades, identidades e particularidades dos indivíduos, comunidades e grupos. Essa nova forma de fazer história, foca agora nos grupos "marginais", identidades locais, étnicas, sexuais e de gênero, integrando esse cenário de transformações nos rumos da escrita historiográfica.

O vídeo "Vida de Maria", é um curta que apresenta a realidade feminina do sertão nordestino, e o filme "Na Quebrada", filme de drama, nacional e inspirado em fatos reais, que gira em torno de um grupo de jovens que têm a oportunidade de mudar de vida por meio de um curso de cinema oferecido por uma ONG. Ambas as obras transmitem uma história social centrada em personalidades específicas trazendo à luz discussões acerca das estruturas sociais do nosso país. Ao final do encontro, concluímos a importância dos estudos sociais serem transdisciplinares e válidos à sociedade que se pretende analisar, ou seja, aproximação do pesquisador com o objeto de pesquisa.

POSSIBILIDADES NO ESTUDO DE INDIVÍDUOS: A MICRO-HISTÓRIA COMO APARATO PARA ANALISAR TRAJETÓRIAS

Nessa semana o PET Conexões Cultura teve seu segundo grupo de estudos com base no texto “Possibilidades no estudo de indivíduos: a micro-história como aparato para analisar trajetórias” de Jéssica Santana de Assis Alves. Esse texto traz uma noção do que é micro-história e de sua aplicação em produções, mostrando formas diferentes e contextos em que pode se aplicar esse conceito que remete ao estudo do indivíduo, mostrando maneiras possíveis de investigação, pensando na complexidade da abordagem e onde se encontra no campo do saber da História. O texto diz que micro-história é heterogênea, podendo mostrar várias análises de um mesmo assunto e é isso que a torna incrível para se realizar a investigação da natureza e o como funciona os objetos sociais e as suas relações.

Como complementação assistimos o curta “Dois estranhos” que este ano recebeu um Oscar de melhor curta metragem em live action e relata através da ficção, os modos no qual o racismo se apresenta através da violência policial, representadas através de micro-histórias que indivíduos racializados estão sujeitos cotidianamente, impactando nas macro-histórias das pessoas negras.

SOBRE TERRITÓRIOS E LUGARIDADES - WERTHER HOLZER

A ARTE E O ESPAÇO - MARTIN HEIDEGGER 

Neste grupo de estudos realizado pelo PET Conexões Cultura discutimos os textos “Sobre Territórios e Lugaridades”, de Werther Holzer e “A Arte e o Espaço”, de Martin Heidegger, acompanhados do episódio 10 da série documental da Netflix "A África que te Habita".

Por meio do texto sobre territórios e lugaridades pudemos levantar um debate acerca dos microterritórios a partir do conceito de lugaridade à luz da fenomenologia, perpassando por conceitos como geograficidades, mundo, lugar e espaço, discorrendo com autores do campo fenomenológico. Assim, o autor Werther Holzer aponta que as lugaridades delimitam o espaço e constroem microterritórios por meio do ser e se relacionar com o mundo, logo, a lugaridade é a geograficidade materializada e pode tanto pertencer a um território físico quanto se locomover para outros espaços.

O segundo texto complementa a discussão sobre o conceito de espaço e de lugar. Heidegger fala sobre como a arte modifica e domina do espaço, destacando a escultura como um exemplo de linguagem artística que molda, se apropria e ocupa o volume e o vazio do espaço. Fizemos reflexões sobre como a transformação do espaço também ocorre de diversas formas em outras linguagens artísticas e expressões culturais.

Já o material audiovisual escolhido faz parte de uma série documental disponível na plataforma Netflix, que narra as viagens do fotógrafo César Fraga e do escritor e pesquisador da diáspora africana Maurício Barros de Castro por vários países do continente africano. Esse episódio registra a passagem por Moçambique, onde visitam lugares de memória da escravidão e falam sobre algumas consequências do tráfico de pessoas naquele país e no Brasil.

2020

REDISCUTINDO A MESTIÇAGEM NO BRASIL - KABENGELE MUNANGA

Através da leitura de trechos do livro, buscamos rediscutir todo o processo de formação do nosso povo, entendendo as consequências da tentativa de buscar uma identidade nacional para um povo tão plural e multicolorido, consequências essas que resultaram em políticas, estudos e teorias racistas, inclusive de autores internacionais e nacionais de grande relevância para a ciência. Precisamos compreender como fora fundamentada e desenvolvida as bases racistas no Brasil que privilegiou uma minoria e causou o apagamento e opressão de uma maioria, para que desse modo, enquanto futuros profissionais nas mais diversas áreas, possamos conscientemente lutar contra o racismo, pelos direitos de todos e por políticas que remetam a uma compensação histórica.

PRECONCEITO RACIAL DE MARCA E PRECONCEITO RACIAL DE ORIGEM - ORACY NOGUEIRA

O PET Conexões Cultura teve seu grupo de estudos com base no texto do sociólogo Oracy Nogueira, "Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem: sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil". Esse texto nos traz o preconceito racial de marca como sendo o brasileiro e o preconceito racial de origem como sendo o estadunidense. Os dois se diferenciam sendo o primeiro citado como o preconceito através dos fenótipos do sujeito. E o segundo está relacionado a sua árvore genealógica. Através das percepções e diferenciações entre esses dois conceitos, o grupo, pôde refletir sobre as relações raciais em território brasileiro, explicitando várias questões que são ocultas para a maioria da população, como os racismos que não são vistos como racismo por não haver uma segregação racial explicita, diferente do que ocorre nos Estados Unidos e na África do Sul com o apartheid, onde fora legalizado esse tipo de racismo.

CONSUMO: UMA CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA - EVELYSE KRAMINSKI

Para estudo dessa semana tivemos como base o artigo "Consumo: uma construção identitária cultural na sociedade contemporânea" escrito por Evelyse Kraminski. Como complemento, foram sugeridos dois episódios da série Atlanta "Ninguém segura o Justin" (T1 E5) e "Fubu" (T2E10).
O objetivo da discussão é compreender como que esse processo de construção da identidade cultural é realizado através do consumo. A autora defende que a formação da identidade cultural da sociedade contemporânea, assim como a forma que essa sociedade consome, se dá através dos significados simbólicos atribuídos pelo consumidor a algumas marcas. Usando a abordagem da construção de identidade da psicologia e da comunicação, é apresentado o processo de construção da identidade do sujeito ao longo da vida em duas partes. O algo pessoal, no âmago da família, e de acordo com sua criação. E o algo externo, efetivado pelo convívio com outras pessoas. Essa identidade é criada por uma necessidade do sujeito de se diferenciar entre o outros e se apresentar de forma única e original. Dessa forma, ao se relacionar com o meio externo, o sujeito não só é influenciado como também influencia na identidade das pessoas. Assim também ocorre na construção da identidade de uma marca, que sempre quer provar sua diferença em meio ao ambiente mercadológico (concorrência), precisando acompanhar as mudanças identitárias dos indivíduos. Pensando nesse ciclo, o marketing é um componente importante na apresentação da marca e a forma que ela é consumida e desejada. Pois a marca deve trazer características da identidade do próprio público consumidor. 

O que fica como reflexão são as consequências de como a sociedade consome e como a lógica mercadológica funciona. Usando como base Bauman e Lipovétski, afirma que a sociedade contemporânea é líquida e inquieta. Os dois principais aspectos ligados à sociedade do consumo é o lixo, onde tudo é descartável, e o status, que leva ao elitismo e à individualidade do consumidor. Essa cadeia simbiótica entre identidade do sujeito, da marca e da sociedade, não passa de um disfarce e o ciclo de insatisfação pode acabar gerando um quadro social patológico de consumo.

ADORNO: IDEOLOGIA, CULTURA DE MASSA E CRISE DA SUBJETIVIDADE - FRANCISCO FIANCO

No nosso último grupo de estudos do ano usamos o texto “Adorno: ideologia, cultura de massa e crise da subjetividade”, de Francisco Fianco, e o vídeo “Adorno e a Indústria Cultural”, do canal do YouTube Tempero Drag, como referência para discutir o modo como a cultura de massa determina nossas escolhas, relações e modos de ser e estar no mundo contemporâneo.

O autor usa como referência a obra de Theodor W. Adorno para falar de como os meios de comunicação, propaganda e produtos culturais são apropriados pelas estruturas dominantes da nossa sociedade para propagar os valores de interesse para a manutenção da ideologia influenciando diretamente em nossa subjetividade. Ele destaca que essa estratégia tem como consequência o esvaziamento da subjetividade e elimina o senso crítico em relação a estrutura dominante vigente.
Isso molda o modo como o ser humano lida com seus semelhantes, objetificando as relações interpessoais. A cultura de massa nos leva a ver o outro como mais um objeto a ser consumido e seu valor passa ser mensurado de acordo com a sua capacidade é de produção e por seu poder monetário, já que a homogeneidade do pensamento torna o ser humano vazio de sua subjetividade. O autor fala da mentira como um instrumento que desrespeita e despreza a individualidade do sujeito e da falta de interesse nas relações, que se tornam superficiais e mecânicas.

Destaca também o papel da propaganda na implementação da ideologia. O discurso em si não precisa ter um conteúdo sólido, pois o objetivo é mexer com a emoção do sujeito e assim governá-lo psicologicamente. Deste modo, qualquer verdade que seja contrária ao ideal propagado pela publicidade torna-se imediatamente mentira na capacidade limitada de percepção do indivíduo. Segundo o autor, a Indústria Cultural tem como objetivo obter lucro, controlar e apaziguar o sujeito apresentando conteúdos que o distraiam da realidade e assim, garantam a permanência do status quo. Em contrapartida, cita o importante papel que a arte pode ter como questionadora da ideologia dominante, desde que rompa com antigos processos e ideais, que seja produzida para além da Indústria Cultural e seus objetivos.

O ESPAÇO DO CIDADÃO - MILTON SANTOS

No mês em que se comemora o dia do geógrafo discutimos em nossa última reunião alguns tópicos do livro "O Espaço do Cidadão" de Milton Santos, renomado geógrafo brasileiro.

Em um dos trechos lidos, Milton faz uma relação entre a "territorialidade e cultura", “forma de comunicação do indivíduo e do grupo com o universo”, dizendo o quanto um está associado ao outro, o quanto que desterritorialização significa alienação e também desculturização. Segundo Santos, o território é parte inerente a cultura e com ele o sentimento de pertencimento, desse modo, ações para retirar um grupo de seu território também podem conter o objetivo de apagamento de sua cultura.

Em outro momento Milton aborda os termos cultura de massas e cultura popular e o quanto o consumo imposto por essa cultura de massa escraviza e suprime o entusiasmo de rebeldia, além de fomentar no indivíduo a vontade de ser outro, principalmente em pessoas de classes médias, visto que a cultura de massas, é uma uniformização do corpo social.

Sobre cultura popular Milton diz: “A cultura popular tem suas raízes na terra em que se vive, simboliza o homem e seu entorno, a vontade de enfrentar o futuro sem romper a continuidade. Seu quadro e seu limite são as relações profundas que se tecem entre o homem e o seu meio”.

A LITERATURA MARGINAL/PERIFÉRICA: CULTURA HÍBRIDA, CONTRA-HEGEMÔNICA E A IDENTIDADE CULTURAL PERIFÉRICA -  TAÍS ALINE ELBE E ADOLFO RAMOS LAMAR. 

Os autores buscaram fazer uma pesquisa com o objetivo de compreender a literatura marginal/periférica, por meio de recortes da produção literária de três autores marginais/periféricos, Ferréz, Sérgio Vaz e Dugueto Shabazz, como cultura híbrida, contra-hegemônica e constituintes de identidade e de cultura periféricas. A análise dos dados contou, sobretudo, com os estudos de Canclini (1997); Dalcastagnè (2008) e Nascimento (2006; 2011). 

A literatura marginal/ periférica é aqui compreendida como leituras de culturas híbridas que não hierarquizam culturas, representativas de uma identidade e cultura periféricas que lhes é de pertencimento e, com isso, podem mostrar a sua voz.

2017


PANORAMA SEMIÓTICA – SEMIÓTICA DISCURSIVA E SOCIOSSEMIÓTICA


No final do ano de 2016, com a entrada dos novos petianos, nos reunimos para iniciarmos os estudos. Realizamos dois encontros ainda no final do ano, mas por conta do recesso, decidimos repetir esses dois encontros em 2017. O primeiro deles aconteceu no dia 03/04/2017 com um caráter estritamente introdutório. Estudamos os fundamentos da semiótica e os seus principais pensadores. Conhecemos a partir daí a semiótica francesa e a Greimasiana, a qual iremos nos debruçar. Nos foi apresentado uma série de trabalhos audiovisuais em que a semiótica Greimasiana foi utilizada como método para análise. Analisamos também músicas, imagens e matérias de revistas buscando sempre na análise encontrar as ideias estudadas. 


PANORAMA SEMIÓTICA – SEMIÓTICA DISCURSIVA E SOCIOSSEMIÓTICA


Demos continuação ao primeiro encontro. Buscamos neles fazer um panorama geral do que venha a ser a Semiótica e quais são as suas principais ideias. Em seguida continuamos a ver e analisar textos das mais variadas formas para fixar as ideias que estudamos sobre a semiótica.  Apesar de terem ocorrido dois encontros, neles há um mesmo objetivo: entender minimamente o que é a semiótica, possibilitando a partir daí, que no próximo encontro possamos de fato avançar nos estudos dos textos desta ciência. 


STUART HALL – IDENTIDADE CULTURAL NA PÓS MODERNIDADE


O texto foi todo ele explicado por nossa tutora em uma aula expositiva com o auxílio de slides. Logo após a exposição, houve um momento para discussão e para sanar as eventuais dúvidas. A discussão foi longa por conta do impacto que sofremos com a leitura do texto. Todos aparentavam grande envolvimento e incômodo com as questões que o texto trazia. 

Um de nossos cafés com PET teve o seguinte título: crise de identidade na pós modernidade. Este título é consequência de como o texto do Stuart Hall nos impactou e nos colocou para pensar a identidade do sujeito humano neste contexto da pós-modernidade



ERIC LANDOWSKI - BUSCAS DE IDENTIDADE CRISES DE ALTERIDADE 


Seguindo a mesma lógica do encontro anterior, lemos o texto do Landowski com antecedência para o grupo de estudos. O texto também foi muito interessante, um pouco mais difícil que o anterior, mas mesmo assim trouxe muita discussão ao final da aula expositiva. A Larissa, nossa tutora, utilizou vídeos, imagens e slides como ferramenta em sua aula.



Comentários

Postagens mais visitadas